
Resultados fortes, margens robustas e uma janela de oportunidade no valuation.
Pessoal, segue nossa análise do resultado do 4º trimestre de 2024 da Google e a leitura sobre a oportunidade atual no papel.
Resultados Consolidados
Ads
A receita de publicidade cresceu 11,8%, em linha com nossas projeções. Destaque para o Search, com alta de 12,5%, e para o YouTube, que apresentou um desempenho ainda melhor, com crescimento de 13,8% — excelente resultado. A rede de parceiros (Network) veio mais fraca, como já era esperado, refletindo a melhor performance relativa de Search e YouTube.
A empresa destacou as verticais de Serviços Financeiros e Varejo como motores do crescimento em Search. Para os próximos trimestres, é possível que vejamos uma moderação, considerando que o 4T24 contou com o efeito das eleições e que o setor de seguros teve impacto positivo em 2024 — algo que deve se normalizar este ano.
A linha de Other Google Revenues cresceu 7,8%, refletindo uma desaceleração explicada pelo calendário de lançamentos do Pixel, mais concentrado no 3T24. Nesta linha também entram as assinaturas do YouTube.
Nossas projeções para 2025 são:
- Search: +10%
- YouTube: +11%
- Network: -5%
- Other Revenues: +5%
Google Cloud
A unidade de Cloud desacelerou de +35% para +30%, e a companhia guiou um capex de US$ 75 bi para 2025 — número já próximo da nossa estimativa anterior. Esses dois pontos foram amplamente destacados por analistas como explicações para a reação negativa da ação.
Mas, sinceramente? Continuo muito otimista com esse business.
Projetamos 25% de crescimento para Google Cloud em 2025.


Custos
- A margem bruta subiu 1,4 p.p. em relação ao 4T23, alcançando 57,9%.
- O mix de custos segue evoluindo, com maior relevância de depreciação e data centers em relação ao TAC, que representou apenas 20,5% da receita de anúncios.
- Headcount praticamente estável.
- Despesas operacionais ficaram em 25,8% da receita líquida, frente a 29% no 4T23.

Margens
- A margem operacional foi de 32,1%, com crescimento de +30,7% YoY, superando em 4% nossa estimativa e entregando 1,4 p.p. acima do esperado.
- A margem core foi de 39%, também acima da nossa projeção (37,5%), embora tenha vindo com leve queda sequencial (vs 40% no 3T24).
- O Google Cloud entregou mais um trimestre com 17,5% de margem operacional, superando a nossa expectativa de “high single digits”.
- A linha de Corporate e Other Bets teve um consumo de US$ 4 bi, dos quais US$ 1,2 bi se referem a multas por devolução de espaço comercial — algo não recorrente.
- A margem EBITDA ficou em 36,5%, também acima da nossa estimativa de 35,1%.
- Tax rate de 17%, resultando em margem líquida de 27,5%.
- Lucro líquido de US$ 26,5 bi e EPS de US$ 2,15.


Fluxo de Caixa
- FCF de US$ 24,5 bi, com FCF margin de 25,5% — excelente!
- Capex veio em linha com o esperado, com guidance para 2025 apenas 5% acima das nossas estimativas.

Valuation e Oportunidade
Na nossa visão, estamos com projeções equilibradas — nem agressivas, nem conservadoras:
- Crescimento médio da receita projetado em +9,8% entre 2024 e 2029.
- Estimamos margem core acima de 39% apenas em 2027, com alguma pressão nos anos de 2025 e 2026.
- Ainda usamos margem single digit para Cloud, com cautela.
- Estamos com projeção de US$ 106 bi de lucro, enquanto o mercado está em US$ 110 bi.
Com isso, chegamos a um múltiplo de 22x lucro, versus a média histórica da Google de 28x P/E.

Oportunidade:
- No after de ontem, foi possível comprar com TIR de 17,8% a US$ 188.
- A US$ 194, a TIR ainda estaria em 15,8%.
💡 Na nossa opinião, vale aproveitar a fraqueza momentânea do dólar (que não acreditamos ser sustentável) e a reação negativa do mercado para aumentar posição. Especialmente com os lançamentos do começo do ano — o Google I/O acontece em maio e sempre traz catalisadores relevantes.



