
A Aposta Bilionária da Oracle na Era da IA: Como a Demanda Exponencial por Nuvem Está Remodelando o Futuro da Gigante da Tecnologia
A Oracle divulgou os resultados do seu quarto trimestre fiscal de 2025 (FY4Q25), demonstrando um desempenho robusto e sinalizando uma forte aceleração para o futuro. Os números revelam um crescimento de receita que atingiu dois dígitos e uma revisão positiva do guidance, consolidando a estratégia da empresa focada em nuvem e inteligência artificial.
Neste artigo, detalhamos os principais indicadores e os insights compartilhados durante a apresentação dos resultados.
Desempenho Financeiro e Crescimento da Receita
O trimestre foi marcado por uma aceleração notável. A receita total apresentou um crescimento de 11,3%, superando em 2 pontos percentuais as projeções do mercado e da nossa análise interna. Este é um marco importante, pois representa o primeiro trimestre com crescimento de dois dígitos, e a expectativa é de que essa tendência se intensifique.
Como reflexo dessa performance, a companhia revisou seu guidance para o ano fiscal de 2026 (FY26), projetando uma receita de USD67 bilhões, o que equivale a um crescimento de 16%.
O Crescimento Exponencial da Cloud: IaaS e SaaS
O segmento de Cloud Services continua sendo o principal motor de crescimento da Oracle, registrando uma expansão de 26,8% no trimestre, acima dos 25% esperados.
Infraestrutura como Serviço (IaaS)
O grande destaque do período foi a performance de IaaS, que cresceu 52%, acelerando em relação aos 49% registrados no trimestre anterior (FY3Q25). O consumo de infraestrutura aumentou em 62%, impulsionado principalmente pela migração de workloads para a nuvem para viabilizar projetos de Inteligência Artificial. A posição da Oracle como uma das maiores empresas de banco de dados do mundo a coloca em uma posição privilegiada para capturar essa demanda.
Contudo, esse crescimento veio acompanhado de um investimento significativo. O Capex (despesas de capital) no trimestre atingiu USD9 bilhões, superando a expectativa de USD5 bilhões. No consolidado do ano, o Capex fechou em USD20 bilhões, acima da projeção inicial de USD15 bilhões. Para o FY26, a estimativa é de USD25 bilhões, com a própria empresa admitindo que o número “provavelmente está conservador”.
O guidance para a receita de IaaS no FY26 é de um crescimento superior a 70%, contra os 51% alcançados no FY25. A Oracle mencionou que essa projeção pode ser conservadora, pois considera apenas parte do contrato com a OpenAI.
Um ponto estratégico ressaltado foi o papel das parcerias com outras nuvens (Cloud Partners) como um terceiro motor de crescimento, ao lado de OCI (Oracle Cloud Infrastructure) e SaaS. A receita proveniente dessas parcerias cresceu 115% em relação ao trimestre anterior.
Software como Serviço (SaaS)
O segmento de SaaS também mostrou aceleração, crescendo 12% (comparado a 9% no FY3Q25). A Oracle destacou o lançamento de mais de 100 AI Agents e reforçou sua vantagem competitiva ao integrar sua base de dados, ERP e outros softwares estratégicos. Clientes que buscam consolidar fornecedores encontram no “full stack” da Oracle uma alternativa robusta, construída sobre sua renomada tecnologia de banco de dados.
Análise das Margens e Licenças
As margens operacionais ficaram abaixo das expectativas, um movimento compreensível diante da forte expansão e da mudança no mix de receita, com maior peso da infraestrutura em relação ao SaaS.
- Margem Bruta (Cloud Services + Licenses): 75,6% (abaixo dos 77% esperados).
- Margem Operacional (Operating Income): 32,1% (vs. 34% esperado).
- Margem EBITDA: 42,8% (vs. 44,6% esperado).
Um destaque positivo e interessante foi o crescimento de 9,2% na venda de licenças. Durante a chamada de resultados, foi mencionado que algumas empresas estão adotando a estratégia de “Bring Your Own License” (Traga sua Própria Licença) para otimizar custos ao migrar para a nuvem.

Fluxo de Caixa e Investimentos
O fluxo de caixa operacional (Operating Cash Flow) atingiu USD21 bilhões no ano e USD6,2 bilhões no trimestre. No entanto, o fluxo de caixa livre (Free Cash Flow) foi negativo em USD0,4 bilhão no ano e em USD2,9 bilhões no trimestre. Esse resultado é explicado pelo fato de que praticamente todo o caixa operacional foi direcionado para o Capex, evidenciando o custo associado à expansão da infraestrutura para atender à demanda da Nvidia e da TSMC.
Principais Destaques do Call de Resultados
Durante a chamada com investidores, o presidente e CTO da Oracle, Larry Ellison, enfatizou a demanda sem precedentes por migração para a nuvem e por capacidade de IA.
“Esperamos que nossa taxa de crescimento total na nuvem — aplicativos mais infraestrutura — aumente de 24% no ano fiscal de 2025 para mais de 40% no ano fiscal de 2026. A taxa de crescimento da infraestrutura de nuvem deve aumentar de 50% no ano fiscal de 2025 para mais de 70% no ano fiscal de 2026. E o RPO (Remaining Performance Obligations) provavelmente crescerá mais de 100% no ano fiscal de 2026. A Oracle está a caminho de se tornar não apenas a maior empresa de aplicativos em nuvem do mundo, mas também uma das maiores empresas de infraestrutura em nuvem do mundo.”
Ellison também detalhou o sucesso das parcerias MultiCloud e da oferta Cloud@Customer:
“A receita de bancos de dados MultiCloud da Amazon, Google e Azure cresceu 115% do terceiro para o quarto trimestre. Atualmente, temos 23 datacenters MultiCloud em operação, com mais 47 sendo construídos nos próximos 12 meses. Esperamos que o crescimento de três dígitos na receita MultiCloud continue no ano fiscal de 2026. A receita dos datacenters Oracle Cloud@Customer cresceu 104% em relação ao ano anterior. Temos 29 datacenters dedicados à Oracle Cloud@Customer em operação, com outros 30 sendo construídos no ano fiscal de 2026.”
Ele concluiu afirmando que as taxas de crescimento da receita de OCI estão disparando (skyrocketing), assim como a demanda. A ambição da empresa foi resumida em uma frase: “We will build and operate more cloud than all competitors combined” (Nós construiremos e operaremos mais nuvem do que todos os concorrentes combinados).
O Potencial da Migração para a Nuvem
Questionado sobre o potencial de crescimento, Ellison ofereceu um cálculo direto: a migração de USD10 bilhões da receita atual de suporte de banco de dados para a nuvem se traduziria em, no mínimo, USD50 bilhões em receita de nuvem. Isso ocorre porque o novo modelo inclui toda a computação, rede e infraestrutura associada. Essa transformação, por si só, representaria um volume de receita quase do tamanho da Oracle hoje.




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